Qual será o resultado de tudo o que começamos? O que podemos verdadeiramente planear enquanto nos projectamos num futuro que até poderá ser diferente?
Estive a ver a nova versão do filme "Mulherzinhas" e não consegui deixar de sentir o mesmo entusiasmo de quando li o livro de Louise May Alcott, é que foi graças a ele que me imaginei escritora e fui capaz de sonhar com o poder das palavras. Estava BEM longe de saber que acabariam mesmo por fazer parte integrante da minha vida. Sem as palavras não existo e olhem que comecei pelo papel e caneta. Sorria sempre após cada folha concluída. Sentava-me de forma inquieta e levantava-me para me voltar a desassossegar. Sabia que era naturalmente feliz, mas não tinha ideia da real dimensão, até hoje, até ao agora, onde já sou o que fui capaz de sonhar e o sonho ainda nem vai a meio.
Onde será o lugar certo depois de o termos conseguido visualizar? Quem nos tornaremos se tivermos levantado uma pontinha do que precisamos de ser, na altura certa, aquela em que a inocência pode bem ditar o resto das nossas vidas? Quando é que poderemos dar por concluído o projecto, depois de tantos rascunhos?
É-me inevitável ser duas, em momentos diferentes e até quando pareço estar num mesmo lugar e com as horas a correrem de igual forma!
Sou a que se permite alguma exposição e a que se dá para uns quantos, mas também sou a que se retira totalmente, sendo invariavelmente distante e arredada da vida que não corre para mim. Sou a que escuta, com atenção, quem a procura ter, mas sou igualmente a que apenas escuta umas quantas sílabas, sobre o que não me move e não me faz movimentar. Sou a que tem silêncios que apenas eu entendo, mas porque mais ninguém precisará de saber do que sei. Sou a que carrega dois corações armados, mas com pequenas frestas para que ainda se aloje mais um pouco de amor.
Não tenho forma de ser de outro formato, nem consigo deixar de lado a dualidade que me caracteriza. Não quero ser a metade que serve a alguém, deixando a outra em suspenso, porque uma nunca será a parte inteira.
Sou previsivelmente previsível para quem já me conhece, mas ainda assim um livro que uns quantos lêem ao contrário. Sou assumidamente a dualidade que faz de mim uma equação viável e rapidamente subraio o que não haverá forma de multiplicar. Sou bem mais consistente agora, até quando pareço tranquilamente estranha e sou ainda o resultado de tudo o que fiz por entender, em duas mentes, somadas a dois corações gigantes que se dividem para chegar aos que de "nós" precisam.
É-me inevitável ser duas, não porque o tenha escolhido, mas porque aceitei que apenas assim estarei verdadeiramente pronta.
Amanhã cá estarei, mesmo que os dias já não sejam iguais e o mundo tenha parado de acreditar. Amanhã continuarei a ser a mesma para ti, mas um pouco mais resiliente e igualmente disponível, mesmo que distante. Amanhã voltarei a cuidar do que ainda cuido hoje, mas mesmo que te negue os abraços, os olhares, esses, ainda irão direitinhos ao coração que bate por mim. Amanhã as nossas dúvidas poderão ser ainda maiores, envoltas no medo de que o "normal" nunca mais o seja, mas mesmo assim, prontos para a mudança e esperando que nos melhore. Amanhã talvez já falemos de algo novo, mesmo que tudo o que era e conhecíamos nos continue a martelar a memória. Amanhã cá estarei, tal como tu, esperando que assim continuemos!
O amor tem que ser fácil. O amor precisa de toda a previsibilidade do imprevisível, sabendo o que pode e deve controlar e deixando de lado o que nunca será controlável. O amor é um lugar entre muitos que precisamos de visitar, porque se não nos expandirmos, vendo para lá do aqui e agora dificilmente chegaremos ao "ali". O amor é o que nos sossega e agita e ainda assim nos confunde e esclarece...
Sabemos tudo quando amamos e sentimos não saber o bastante por estarmos a amar. Queremos até o que não conseguimos dar, mas temos reservas infinitas de vontade, de desejo e de coragem. Conseguimos ver até o mundo que não conhecemos, porque de repente o nosso fica demasiado pequeno. Podemos travar batalhas e vencer muitas guerras. Podemos encontrar razão no que não é razoável e perdermo-nos nos lugares de sempre. Podemos o que nem acreditávamos possível e deixamos de poder aguentar o que já não se enquadra nem satisfaz.
O amor tem que ser fácil para compensar o que se complica. O amor tem que saber resistir aos embates, escudando-se de quem o simplifica e diminui. O amor é o que sinto e não te consigo explicar, mas é tudo o que te explico quando simplesmente me permito amar. O amor é isto e é aquilo também, porque pode ser tudo o que me fizer sentido. O amor é permanecer pronta e crente para começar e recomeçar sempre que o encontrar e até quando o perder também. O amor será sempre o que o amor quiser!
Porque é que algumas pessoas não conseguem ficar juntas? Porque é que alguns amores, por maiores que sejam, se deixam morrer? Porque é que ainda sinto tanto a tua falta, hoje tal como o foi num passado que se cola como se de séculos se tratasse, mas que me continua a saber ao teu sabor? Porque é que não fomos capazes de mais?
Alguns momentos da nossa história irão sempre ser inexplicáveis e inusitados, mas a cada dia que passa vou entendendo cada um, encontrando-lhe razão e propósito, mesmo que não torne nada mais fácil. Mas outros existirão que ainda carecem de explicação, tornando a sentido do presente muito pouco propício a futuros risonhos. Continuo a acreditar no amor. Continuo com a ENORME certeza de que existe alguém para mim que possa verdadeiramente estar e ficar. Continuo a estar pronta, mesmo que já não me mova em qualquer direcção e por consequência me torne difícil de encontrar. Continuo a querer um colo, um olhar; um abraço que me envolva e beijos que me pacifiquem a mente inquieta. Continuo a saber ouvir e a ter para onde olhar, mas continuo a querer-te demasiado e é isso que me afasta dos outros...
Se me fosse dada a chance de fazer diferente muito provavelmente acabaria a fazer igual, porque a verdade é que ainda acredito que te dei tudo na proporção certa, o que faltou foi o que me negaste e a triste realidade é que me negaste tudo. Se pudesse conquistar parte do mundo, mudaria o nosso distanciamento. Se pudesse fazer-te acreditar, conquistaria a outra metade.
Vai sempre existir uma enorme diferença entre o que sonhas obter e a realidade!
Não é desta forma que te vendem o mundo? Não tem sido sempre assim, uma constante castração do teu empenho? Não terás por perto as vozinhas da "desgraça" a tentarem dissuadir-te do que até sabes conseguir atingir?
O empenho terá que ser directamente proporcional ao desejo para tudo. Precisamos de entender os percursos, seguindo-os com clareza, mas preparando-nos para a sua falta em algumas esquinas. A vontade de chegar "lá", onde queremos estar, terá que ser alimentada diariamente e consistentemente, de outra forma acabaremos a desistir, porque na realidade é bem mais fácil.
Vais acabar por perceber que o que distingue os bem-sucedidos dos que apenas sonham, sem que sonhar os motive o suficiente, será a crença indestrutível de que PODEM TUDO, até o megalómano, ou distante. Poderás também tu, basta que comeces hoje por acreditar.
Crescemos, amadurecemos e aprendemos, mas nem sempre da melhor maneira. Alguns continuam irredutíveis nos seus formatos demolidores. Uns quantos ainda só olham para os respectivos umbigos, até quando percebem que sozinhos não se bastam. Muitos, se não a grande maioria, procura pelo que nunca terá forma de encontrar, simplesmente porque não sabe por onde começar.
Não sou de todo igual ao meu início. Não absorvi tudo o que me tentaram empurrar goela abaixo. Não me vedei o direito de entender e de perseguir os meus sonhos. Não me demovi, em momento algum, de ser o meu agora da melhor forma. Não passei a aceitar o que quer que achassem os outros ser para mim. Não entreguei a chave da minha felicidade.
Aprendemos a crescer sempre que amadurecemos mais um pouco e percebemos que a melhor maneira será sempre a nossa maneira!
Quantas vezesme disseste que não podias parar porque nem sabias como? Quantas vezes te disse que precisavas de meditar, de te ouvir e de mudar?
Usaste de imensas desculpas e desculpaste-me a insistência, mas ainda assim mantiveste a determinação em não sossegar. Sabias estar a pagar caro o movimento exagerado, mas permaneceste, determinadamente, a acelerar até os pensamentos. Não paravas nem para dormir e dormias mal, acordando cansada até de ti. Nada te conferia paz e até os pequenos prazeres foram deixados de lado, afinal de contas não tinhas tempo e parar era demasiado parado.
Quantas vezes disseste que irias rever a forma como te construías, mas ainda assim paraste qualquer construção emocional? Quantas vezes respondeste às tuas próprias perguntas, mas acabaste por ignorar cada uma?
Fizeste o que acreditavas não poder ser feito de outra forma, no entanto tu e eu sabemos que estavas apenas a desistir de ti e do que te poderia recordar de como viver é o que temos de mais precioso. Negaste o óbvio até que finalmente tudo te foi negado e o tempo passou a arrastar-se ao invés de correr. Recusaste cada oportunidade de crescimento emocional, agarrando-te ao passado com enormes garras, mas resvalaste "encosta" abaixo e vieste parar ao lugar onde nos encontramos todos. Adiaste o inadiável até ao dia em que o mundo se encolheu e percebeste que afinal até queres ser mais, vivendo da forma certa e acertando no volume. Foste forçada a parar e assim permaneces, com tempo para te ouvir e ouvindo o corpo que negligenciaste.
Alguém maior do que ninguém conhecido disse STOP e até o vento parou de soprar!
Onde é que ficam os planos? Para onde é que me dirijo depois deste tsunami colectivo? Quem é que sou afinal e de que forma reajo ao que me aconteceu? Que poder carrego?
Que não controlamos nada, penso que já todos o percebemos, mas por vezes a enxurrada de eventos supera qualquer capacidade de reacção e superação. Se tudo acontece por alguma razão, espero sinceramente que encontremos, cada um de nós, a nossa, a que nos permitirá mudar hábitos e direcções. Estamos ávidos da tal normalidade que tanto nos incomodava. Queremos poder protestar com as rotinas, os patrões irrascíveis e os colegas "matadores de tempo". Queremos sentir que os fins-de-semana não nos permitem sentir o suficiente e simplesmente usar de cada minuto como se fossem dias completos. Queremos poder sorrir aos outros, perto, abraçando sem medos e não nos poupando ao que até aqui parecia tão pouco importante. Queremos ter poder, de decidir, de escolher; de ser e de usar o que já era nosso, a liberdade.
Para onde vamos quando sairmos "daqui"? O que estamos a aprender com o ruído real? Quem de nós saberá o que fazer depois?
Com a idade chegam as inevitáveis marcas do tempo. A pele passa a necessitar de cuidados acrescidos e na minha opinião os produtos de noite proporcionam uma maior regeneração. Nutrir é a palavra de ordem!