Venham de lá as pessoas, os lugares e os momentos que nos acrescentam, porque as metades não completam e deixam apenas sabores pequenos!
Que chegue o tempo de se passar a usufruir de todo o tempo que ainda nos resta, com tudo o que somos e temos. Que se largue o que não importa e se consiga olhar com atenção para quem há muito nos olha, deixando seguir o que apenas nos segura e impede de continuar a crescer. Que se sinta cada vez mais amor por cada uma das pessoas que já aprendeu a amar-nos de volta. Que se pare de parar de cada vez que seja MESMO bom.
Já não olho para a quantidade que enche o copo e que por vezes terá que o deixar a meio. Já sei distinguir o pouco do muito e o espaço que sobra para que o preencha de mais pedaços de mim, porque enquanto me sentir inteira e de bem comigo, sei que me passarei da forma que faz falta aos meus. Já não olho para trás, mesmo que ainda espreite alguns dos momentos que me trouxeram até aqui e já não me demoro onde não me sentir em casa. Já não cobro nada ao mundo, porque recebi exactamente o que pedi, se me expliquei mal, apenas terei que me reorganizar.
Venham de lá as pessoas que estiverem na mesma sintonia e que se vão todas a quem ainda precisar de me explicar.
As emoções tendem a correr de forma tão veloz, que dificilmente acompanhamos as variações de humor, o gerir de expectativas, as palavras que uns e outros usam e que nos soam melhor ou pior consoante o "vento", tudo e tudo que naturalmente compõe o nosso percurso. A montanha russa, a que chamamos vida, que nos testa e que por vezes até nos derruba, também nos endurece e prepara para o que deveremos saber dizer e a forma como queremos, consciente ou inconscientemente, parecer. As emoções por vezes traem-nos, mas também nos solidificam e cimentam os percursos que já vamos fazendo, por vontade própria, por direito, mas com a obrigação de nos superar-nos, melhorando-nos.
Os dias nunca serão iguais e mesmo que estejamos mais preparados, nem sempre nos sentiremos capazes de superar os desafios que as situações mais pequenas carregam e que as BEM grandes exigem. Os dias nunca cessam de nos surpreender, amiúdes vezes pela positiva, mas alguns, aqueles que certamente terão como objectivo testar-nos, carregarão um peso que nos fará enterrar ambos os pés no chão, forçando-nos a pensar de forma rápida e a relativizar, para não cedermos à tentação de desistir.
As emoções de que somos feitos, por tudo o que carregamos e pelas lições que nos propusemos a aprender, ou que recusámos aceitar, dirão bem mais de nós do que dos outros e das suas dores ou desafios. As minhas emoções, ainda hoje, nunca me surpreendem, porque de cada vez que chegam, conseguem reafirmar a pessoa que me tornei.
Perdi-te, mas todos insistem em me recordar que é suposto continuar, mesmo que sem ti, sem saber o que fazer nem quando, porque eras a cuidadora, a minha estrela do norte, o lar e o colo que deveria ter sido sempre eu a dar, mas que me oferecias na perfeição. Deixaste de estar aqui e as minhas mãos recusaram o papel que lhes cabia, por isso nenhuma cor voltou a inundar os pincéis que te retratavam tal como eras, linda e perfeita. Partiste, sem viagem de regresso e sem sequer uma hora a que me possa agarrar, tal como o faço aos teus traços. Olho para o que restou de ti, de nós, do que sonhámos de forma livre, tranquila e a acreditar que o mundo seria generoso para com o nosso amor, mas nada me preenche o vazio que se colou nas entranhas e que me corrói qual parasita. Perdi-te e acabei tão perdido na minha dor, que já nem distingo o doce do salgado. Como para me manter vivo, mas apenas porque não me deixam morrer, nem os que me guardam religiosamente, nem o corpo que não me obedece, porque se o fizesse, desligaria cada artéria, veia e orgão, levando-me para onde certamente me esperas.
Soubesse eu o quão breve seria a viagem e nunca te teria perdido de vista. Tivesse eu uma bola de cristal para ver o que nem nos meus mais incríveis pesadelos alguma vez consegui e todos os segundos te teriam pertencido por inteiro, amando-te com a determinação dum homem apaixonado e fundindo-me no corpo que arrefeceu mais depressa do que a minha capacidade de te continuar a abraçar e a sentir. Conseguisse eu reverter os ponteiros do relógio que agora jaz parado, na parede para a qual deixei de olhar e repetiria, até perder o fôlego, que nasci apenas para te poder ter e que ficar sem ti me fez perder o sentido. Pudesse eu ter o poder de te fazer regressar e de bom grado trocaria de lugar, porque tu sim fazes falta, já eu, eu apenas permaneço...
Aprendi a fugir da necessidade de sentir necessidade de ti. Decidi que me quero manter livre e que querer-te me impede de simplesmente ser quem reconheço. Passei a estar menos perdida desde que deixei ir a vontade de pertencer a alguém. Escolhi ter mais escolhas, acordando à minha maneira, sem te incluir, porque sozinha não me cobro, não espero em vão e termino os dias sempre da mesma forma, comigo.
Fizeste correr muita vida nas minhas veias e dirigiste-me, algumas vezes, em direcção ao sol, talvez porque achasse que estaria perdida sem ti. Quase me custa acreditar que me tenha deixado ir e que me soubesse tão bem apaixonar-me por ti, porque no final o amor que me tenho gritou mais alto e acabou por me arrastar para o outro lado da ponte, e nesse não estás, não te encontro e não pareço precisar de te ver, mesmo que aches que me engano.
Aprendi a aceitar a solidão como um bálsamo, porque me regenero mais rapidamente se me mantiver assim, apenas eu, sem esperas nem expectativas. Decidi que posso tudo e que tenho armazenado bem mais do que acreditam os outros. Passei a ter noites mais suaves e manhãs plenas de silêncios que já não me ensurdecem. Escolhi, após umas quantas dúvidas, parar de duvidar de tudo o que já aprendi e sosseguei o coração.
Prometo aceitar a ajuda do conjunto, da minha tribo, das pessoas que nunca me falharão, até quando o façam, porque o amor será sempre o mote. Prometo parar de ser um ser solitário e emerso no mundo que desejo mais simples para os meus, porque não vivo numa ilha, já não e porque preciso de conseguir respirar sem que as dores me invadam a alma. Prometo fechar as restantes gavetas, limpando o pó fino que se foi acumulando, enquanto o achava extinto. Prometo ser menos dura comigo, perdoando-me o que não consigo fazer acontecer e focando-me no que posso.
Estamos sempre a tempo de mudar as rotas, acertando os percursos que ainda não soubemos trilhar e recomeçando tantas vezes quantas forem precisas para eventualmente acertarmos. Somos capazes de muito mais do que já fazemos e faremos sempre tudo quando o coração estiver cheio. Temos habilidades inatas e acabaremos a usar cada uma para que o sucesso se cole e espalhe.
Prometo ouvir mais e mudar umas quantas sílabas às palavras que fui usando religiosamente, porque se melhorar no processo e tem acontecido, as novas chegarão para me redirecionar, trazendo a confirmação que procuro. Prometo apenas ser feliz!
Quando não lidas bem com o outro, é porque não estás a saber de que forma lidar contigo!
Dá-te amor e recebe todo o que te é reservado. Abraça até que te doam os músculos, mas a alma sossegue e o coração deixe de ter dúvidas. Beija, beija muito e sente na tua boca os lábios que te regarem do doce sabor da vida e dança ao som das músicas que te movem para além do que já sentes dentro. Sê diferente, mas sempre igual ao melhor de ti e espalha, aos quatro ventos, tudo o que acumulaste e poderá servir aos outros tal como a ti mesma.
Quando desistes rapidamente achando que te estás a proteger, apenas recuas ao invés de avançares na direcção do que te espera e te pertence.
Recebe sem cobranças. Aceita, com a mente aberta, o que até sabes ser certo. Ouve as palavras que tantas vezes repetiste e guarda-as porque também te são dirigidas. Abre as mãos para as que se envolverão nas tuas com determinação e assegurando-te de que serão para o sempre possível. Vai, sem rotas definidas ou sequer antecipadas e volta apenas quando te sentires cheia do que te permitirá continuar, amanhã, depois e mais um dia, até que nos restantes mais nada te reste do que ser feliz.
Quando achares que ainda não estás pronta, pensa outra vez e quem sabe a segunda volta já trará o que sabes ser teu.
Chora se rir já não for possível, mas usa as gargalhadas, quando chegarem, para que te continues a sentir viva, válida e capaz de ainda tocar alguém. Acredita até quando duvidares, mas nunca duvides do que conseguires sentir, redirecciona-te apenas e recomeça do ponto que já tomaste como partida, partindo para a viagem que terás que fazer, se realmente quiseres concluir o que te trouxe aqui. Deixa-te ir, uma vez que seja e sê o que te der na real gana, mas depois volta para que tenhas ainda mais, afinal até mereces.
De que forma controlas o ego? Como é que passas do dizer o que nem sequer te reflecte e muito provavelmente te envergonha, para o simplesmente respirar, sentir e pensar, colocando em perspectiva apenas o que for verdadeiramente importante?
Vamos tendo, ao longo da vida, uns quantos fantasmas, revelando-se alguns mais persistentes do que outros, mas escorraçá-los terá que passar por um trabalho diário. Tudo estará bem enquanto nos sentirmos em controlo, mas rapidamente deixará de o estar se reabrirmos as portas que há muito deveriam estar fechadas.
De que forma praticas o que apregoas, com consistência e sem desvios? Lamento informar que a nossa humanidade nos levará sempre a descascar mais uma camada e que por isso deveremos aceitar os pontos baixos, saindo rapidamente do que nos levou até lá e retomando o lugar que nos mantém sãos.
Faz uma lista dos items a eliminar, focando-te em cada ponto, sem saltar nenhum e seguindo a ordem necessária para que a paz interior te ajude a sarar por completo as pequenas e as grandes feridas. Aceita as tuas imperfeições e deixa de exigir dos outros o que nunca estará nas suas próprias listas. Confia mais no que plantaste e espera tranquilamente pelo momento da colheita. Perdoa-te de cada vez que te falhares, mas parabeniza-te sempre que deres mais um passo consciente.
De que forma chegas ao lugar emocional a que propuseste? Estou segura de que o saberás assim que puseres nele o primeiro "pé".
Vinte anos filho, e uma nova série, porque elas não terminam, de oportunidades, de crescimento e de escolhas. Duas décadas, nos dias de hoje não parecem suficientes para que determines o resto da tua vida, mas com a total e constante rede de amor e de apoio que sempre tiveste meu querido, nenhuma razão existirá para que não sejas bem-sucedido. Na imagem aparece escrito, "lamento informar-te que aadolescência já expirou", mas a verdade é que nunca foste problemático, primaste sempre pelo respeito e obediências, a mim e aos teus dois irmãos mais velhos. Que tranquilo e seguro é sentirmo-nos amados. Que natural e pacíficos os dias, cada um dos que vives, por teres o colo de todos, porque sempre assim foi e nunca deixará de ser. Há exatamente um ano estavas num dos países mais fustigados pela pandemia, a Itália e tiveste junto a ti, celebrando o teu aniversário, o irmão mais próximo, aquele que apenas distando vinte meses de diferença em idade, cuida de te proteger como se fosse um progenitor, à distância o mais velho que se pudesse te colocava debaixo das suas asas e a mim, sempre e para sempre, não importa onde estejas, porque será exatamente onde te fizer falta.
Que lições tenho aprendido com esta formação constante em amor incondicional e até quando julgo já tudo saber, percebo que nunca saberei o suficiente e que agora também me cabe ouvir-vos para me redireccionar, até mesmo a ti, o meu caçula.
Vinte anos vividos com toda a intensidade e sem nunca me distrair das emoções, dos sentimentos e dos prováveis receios, porque nunca te deixei ter medo. Vinte anos com um único propósito, a tua felicidade e ela estará onde a procurares e será da dimensão que lhe escolheres dar. Vinte anos que começam hoje e que me enchem o coração de tudo o que nunca julguei poder acumular, mas este músculo gigante tem acolhido o mundo no formato das pessoas mais importantes da minha vida. Se algum dia duvidar das minhas habilidades e propósito, apenas terei que olhar para quem já deseja olhar por mim.
Parabéns a nós meu amor, mas hoje temos apenas mais um motivo para celebrar o que já consideramos importante todos os restantes dias das nossas vidas.
A vida esconde lugares tão obscuros e inatingíveis quanto o é a nossa mente e ela é feita de tudo o que soubemos filtrar, ou que absorvemos qual esponjas. Tudo o que não resolvemos, trabalhamos ou nos impedimos de falar, acaba eventualmente por escorrer alma fora, numa avalanche que arrasa tudo e todos à sua volta. A vida ensina-nos todas as lições que nos dispusermos a aprender, reavivando as que deixamos passar, por medo, preguiça mental ou falta de empenho. Não é madrasta, mas ao invés uma educadora firme e determinada e para que sejamos bem-sucedidos, teremos que passar com excelência a cada prova, nunca tentando saltar nenhuma, até porque jamais se distrai. A vida é a que nos cabe viver, de forma mais ou menos suave, contando que tenhamos lido correctamente as legendas e aprendido a interpretar os sinais. A vida é um constante vai-vém de pessoas que apenas atropelam, mas também das que nos trazem olhares renovados e nos permitem recuperar o fôlego. A vida és tu e sou eu, não tendo nenhum mais importância, ou sendo menos relevante.
Quando o sol nos invade pela manhã e elimina a escuridão da noite, passamos a ter mais uma oportunidade de fazer diferente e recuperar o que ficou apenas na mente, navegando pelos sonhos que teremos que fazer acontecer. Quando nos encostamos demasiado às esquinas vivas e nos perdemos no vitimismo, as forças escorrem-nos pelas veias e poderão bem levar-nos para sempre, deixando que sobre apenas o que já não serve. Quando o dia se anuncia, arregaçamos as mangas e vamos, porque eventualmente o que esperamos virá.
A vida nunca será estanque e por isso mesmo a "roda" continuará a rodar, assegura-te então de que o faz para o lado certo.
Hoje ofereci-me em forma de boas energias, muitos sorrisos e de todos os abraços que tanto gostas de receber. Hoje fomos apenas nós e em nenhum momento o mundo lá fora importou. Hoje falámos do que tínhamos reservado para momentos assim e soube-nos ao amor que sempre dissemos querer. Hoje, tal como esperamos para qualquer dos outros dias que ainda iremos ter, tivemo-nos sem reservas, desnudando-nos por dentro para que os corpos se pudessem receber.
Estar disponível para a disponibilidade de quem ressoou com a nossa forma de ver o mundo, deixa-nos mais livres e capazes de prosseguir com o que iniciámos. Sermos apenas nós, sem demasiadas máscaras, porque as que existem eventualmente cairão, é tão libertador e tranquilo, que acabamos envoltos na magia do amor, sendo o que o outro precisa e tendo o que nos faz falta.
Hoje disse-te sem medos tudo o que esperavas ouvir e hoje disseste-me que já sabias que teria que ser assim, tu e eu na mesma passada e ambos prontos a escolher novos caminhos. Hoje o teu olhar permitiu que te visse e de cada vez que nos olhámos, acreditámos na pessoa que dizemos ser. Hoje ser tua reconfortou-me, e saber que te posso chamar de meu, enquanto de forma malandra te aguço os sentidos, libertou-me.