Sab | 12.11.16
Ela era a minha mulher!
sueamado
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Ela era a minha mulher. Era com ela e por ela que mudava até o meu caminhar. Ela era quem meacolhia quando o resto do mundo me deixava seguir, sem rumo, sem me olharem esem saberem como me ver. Ela era a minha mulher e eu deixei de areconhecer, vi-a partir e não me movi, paralisei num medo absurdo de não sercapaz de usar as palavras para tudo o que se me apertava dentro. Ela era a minhamulher e perdi-a!
Do que somos feitos quando parecemos não conseguir guardar dentro, NADA do que nos motiva e incentiva ainiciar uma relação? Porque esperamos sempre demasiado dos outros, de quemconseguimos amar, numa dor que também dói, porque o amor não são apenas corposque se juntam e tocam como mais nada nem ninguém consegue, e não damos na mesmaproporção, subtraindo para depois não ter o que dividir? Do que somos feitos quando escolhemos não guardar nada do que armazenámos e apenasporque começámos a amar? Do que somos feitos quando alguém, a nossa metade, nos olha e pede que fiquemos, quepartilhemos, que estejamos prontos porque o momento chegou? Do que somos feitos quando escolhemos não ser feitos de nada?
Ela era a minha mulher ao acordar. Eram os seus olhos de mel que via primeiro e o seusorriso que beijava, nuns lábios que me sabiam sempre ao seu sabor. Ela era a minha mulher quando seaninhava carente, mas confiante, no corpo que tantas vezes lhe deu o que nemprecisava de pedir. Ela era a minhamulher de cada vez que me oferecia um abraço silencioso, mas que me gritavaalto que estava ali para mim. Ela era aminha mulher quando corria pelos dias loucos, apenas para estar quandoestivesse. Ela era a minha mulhere foi-o sempre e a cada minuto. Ela eraa minha mulher, mas perdi-a!