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Feel Me

Sou tudo o que escrevo e escrever é o que me move!

Feel Me

Sou tudo o que escrevo e escrever é o que me move!

Qui | 17.12.15

Foi-se embora, sem chorar!

sueamado
Flor Cristal Compartilhada publicamente  -  10/06/2013   "Vem de longe, vem no escuro, brota que nem mato que dispensa cuidado e cresce com a mais remota chuva. Vem de dentro e fundo e com urgência. Amor vem de amor. Que não cabe, mas assim mesmo a gente guarda. A gente empurra, dobra, faz força, deixa amassado num canto, no peito, no escuro, dentro, ou larga pegando sereno. Amor vem de amor. Vem do pedaço mais feio, do mais sem palavra, do triste, vem de mãos estendidas. É tecido desfeito pelo tempo, amarelecido pelo tempo, pelo cheiro da gaveta fechada, pelo riscado do sol na madeira. Amor vem de amor. Vem de coisa que arrebata, vira chão, terra, cisco, resto, rastro, coisa para sempre varrida. É delicadeza viva forte violenta. Que faz doer, partir, deixar caído. Amor vem de amor. E dói bonito."    -Guimarães Rosa-:
Feelme/Foi-se embora, sem chorar!


Os amores vão e vêem, algumas dores chegam, instalam-se, mas também conseguem sair, se as quisermos deixar ir!

Não te agarres ao que não tens forma de mudar, e nunca deixes de ser tu, nem por uma boa causa. Igual aos outros, mais do mesmo, não serve, não preenche e no final tem custos demasiado altos.
Não te afogues, não agarres a mão de quem se deixa ir para o fundo, salva-te primeiro, de ti.
Não cries ilusões, e não esperes que te vejam se nunca te souberam olhar.

Desta vez ela soube como se ir embora, sem chorar, sem nunca olhar para trás.
Desta vez ela soube libertar-se de um amor destrutivo, porque nem sequer era o dela.
Desta vez conseguiu acreditar no que viu, porque para lá do olhar só estava o vazio.
Desta vez teve um prazer maior, mas que ela se proporcionou, apenas teve um corpo diferente.

A lentidão dele contrastou demasiado com a velocidade que ela já imprimira à sua vida, e a duas velocidades diferentes ninguém pedala, não para um lugar que valha a pena. Alguém lhe conseguiu, finalmente, ensinar alguma coisa, e ela absorveu a lição, usando-a como nunca acreditou ser capaz e por isso se foi embora, e desta vez sem chorar.

Ela percebeu que os amores não se conseguem impor.
Ele sentiu que não adiantaria, porque não estava pronto.
Ele conseguiu segredar-lhe um adeus.
Ele ficou inerte, quieto, calado, como fizera sempre, sabendo que seria desta vez.
Ela sorriu-lhe com a quietude e a generosidade que sempre conseguem ter os que se reencontram e assumem a sua própria felicidade.

Esta história teve um final, feliz, o mesmo que tantas precisam, para que não se apague a chama que vem de dentro, porque uma vez morta, não haverá forma de a reacender, e porque se estamos vivos temos mesmo que saber viver!